Como Lidar com as Frustrações?
Cruz, Sofrimento, Desolação e Desespero
Todo homem luta em três frentes principais: relacionamentos, dinheiro (ou trabalho) e autodesenvolvimento. Em todas elas, uma coisa é garantida: a frustração.
Sim. Até mesmo os mais bem sucedidos em cada uma das áreas experimentam nelas a frustração diariamente: há sempre algo abaixo das expectativas, ou que acontece fora do planejado, ou que exige de nós algum nível de desconforto e de sacrifício.
A vida é repleta de sofrimento, e aceitar isso é o primeiro passo para o amadurecimento.
Um duplo caminho se abre diante da constatação do infindável sofrimento no mundo:
Em primeiro lugar, há o desespero. Este é o caminho daqueles que, ao depararem-se com o sofrimento inevitável, decidem fugir dele a qualquer custo — seja pela negação, pelo entorpecimento ou pela busca frenética de prazeres que anestesiem a dor.
Tais pessoas ignoram que o prazer, quando buscado como fim último, condena a alma à perpétua insatisfação — pois os prazeres deste mundo são fugazes e deixam sempre um vazio maior do que o alívio momentâneo que proporcionam.
Na direção oposta, encontram-se aqueles que compreendem que o chamado de suas vidas terrenas é o sacrifício. São homens que abraçam o sofrimento como algo redentor: uma força capaz de forjar o caráter, de amadurecer a alma e de produzir frutos duradouros. Sabem que toda obra de valor exige renúncia e Cruz.
As frustrações podem integrar-se ao plano da Providência para a nossa perfeição. Pois, com a ajuda de Deus, podemos fazer com que, dos males exteriores, surjam frutos de vida interior. É o que defende São Tomás de Aquino em seus Comentários ao Livro de Jó, diferenciando a paciência dos estoicos — que é a tentativa de não sentir tristeza ou frustração — da verdadeira paciência cristã:
Os estoicos, em sua busca pela imperturbabilidade, defendiam que não havia lugar para a tristeza no homem sábio. […] Na verdade, é natural à natureza sensível se alegrar e ficar satisfeito com as coisas boas e se entristecer e sentir dor com as coisas ruins. Portanto, a razão não elimina essa disposição natural, mas a modera de tal maneira que a razão não é desviada de seu uso correto por causa da tristeza.
Essa capacidade de suportar os sofrimentos é fruto do amor que “tudo suporta” (1 Cor 13,7). A paciência cristã tem suas raízes no amor ardente a Deus e na confiança inabalável em Sua Providência. Quem ama verdadeiramente não foge da cruz — carrega-a com alegria, pois o amor confere sentido ao sofrimento: quem sofre por amor jamais sofre em vão.
E se o próprio Deus quis vir ao mundo para sofrer, do que podemos nós reclamar quando Ele nos dá a oportunidade de participar também deste sofrimento, que é para nós justíssimo e merecido?
Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. […] Pois, se assim se faz ao lenho verde, que se fará com o seco? (Lc 23, 26-31)
Como ousamos nós — lenhos secos — fugir das pequenas cruzes que a Providência nos confia? Se confiou-nos algum desafio, é porque acredita em nossa força para suportá-lo: Deus acredita em você, mesmo que você não acredite nEle.
Até semana que vem,
Guilherme Freire.

